top of page

Valentina: entre desejos e calcinhas de renda preta

Valentina passou as últimas duas semanas planejando. Aquele vestido preto com decote em V, justinho em cima e meio soltinho embaixo combinava perfeitamente com o plano. Era simples. Em poucos dias, haveria a comemoração do aniversário do amigo dele numa boate em que o grupo de amigos sempre ia. Ela estaria lá com aquele vestido.


Ela em geral era quietinha e o sexo era sempre aquele velho padrão de papai-mamãe. Valentina estava um pouco cansada disso. Queria algo diferente e resolveu mudar por onde sabia que teria coragem. E chance. Uma festa é ótima para isto, ainda mais numa balada.



Depois de algumas bebidas, ela falaria no ouvido dele: “meu bem, vou ao banheiro e já volto”. Não, comunicar que vai ao banheiro não é sexy e não tem nenhum propósito em si. “Costume engraçado este nosso”, ela pensou. Mas, naquele contexto, sim, era importante comunicar; era importante que ele lembrasse de todos os detalhes depois e ficasse novamente excitado com cada momento durante várias semanas. O restante da história só faria sentido se ele lembrasse de cada fala e ato em específico. Então estava decidido, ela falaria baixinho em seu ouvido “meu bem, vou ao banheiro e já volto”.


Ela iria ao banheiro, retocaria o rímel para destacar os olhos e o batom vermelho reforçando o calor dos lábios. Tiraria a calcinha. Sim! Tiraria a calcinha e voltaria com ela nas mãos. Pensou em tudo. Até na calcinha. Não podia ser uma calcinha grande. Primeiro porque ela não usaria. Valentina nem gostava muito de usar calcinhas. Usava pelo costume. Sua mãe brigava quando ela mesmo pequena corria pelada pela casa. “Menina de família precisa se guardar”. Ela se acostumou a usar calcinhas desde então. Ah, era muito prático para proteger da calça jeans. Mas era só. Naquela noite, a calcinha no entanto era importante... precisava ser pequenininha e, claro, nada que refletisse à luz neon da boate.


Retomando o plano... Ela voltaria do banheiro com a calcinha nas mãos e, caso ele quisesse abrir a mão ali mesmo, precisava ser discreta. Preferiu uma clássica fio dental de renda preta.


Não havia erro. Ela então tiraria a calcinha, voltaria para o grupo. Falaria ao ouvido dele “meu bem, guarda isso aqui pra mim!”. Ele perguntaria o que era. Ela colocaria discretamente em uma de suas mãos a calcinha de renda. Ao identificar o que era, não tinha jeito... ele ficaria louco. Tudo calculado para uma noite sexy. Era aniversário do amigo e ele não poderia sair logo.


Depois de algumas horas de excitação na boate, Valentina teria uma noite de sexo inesquecível. A vontade já era grande porque ele tinha viajado por algumas semanas e com essa ousadia dela, era certo que ele iria recompensar a namorada safada. Ela se masturbou durante vários dias pensando nas variáveis, mas guardou os últimos dez dias porque queria gozar com intensidade depois de tudo feito.


Pronto. Duas semanas planejando tudo e estava com o vestido adequado, a calcinha, o salto... Havia chegado o dia e ela estava excitada só de pensar em tudo o que havia tramado. Ela estava lá com aquele vestido. Serviu-se de algumas bebidas. Embebedou o namorado e em algum momento falou em seu ouvido: “meu bem, vou ao banheiro e já volto”. Riu internamente de ter comunicado a ida ao banheiro. Concentrou-se no efeito posterior. Parou de achar engraçado. Sorriu maliciosamente enquanto foi ao banheiro. Retocou o rímel e o batom. Tirou a calcinha. Saiu com ela em mãos. Ela era maior do que imaginava. Gelou ao imaginar que era possível que alguém tivesse percebido. Pediu a Deus que fosse um homem e que ele invejasse o namorado dela por ter alguém safada assim.


Rebolou mais do que o de costume. Sentiu o vestido mais sedoso do que antes. Suave na pele. Dançou ainda mais enquanto andava entre os que se divertiam naquela boate. Teve a impressão de que ficou excitada de novo e que algo escorreu levemente entre suas pernas. Fechou os olhos e se permitiu sentir tudo molhado. Quase perdeu o ritmo.


Chegou ao seu destino, deslizando no chão. Segurou no ombro dele e bem próximo ao ouvido falou: “meu bem, guarda isso aqui pra mim!”. Ele perguntou o que era. Ela colocou discretamente em uma de suas mãos a calcinha de renda toda amassada. Ao identificar o que era, não teve jeito... ele ficou louco. Não, calma, foi uma conclusão precipitada. Valentina leu no rosto dele algo que não esperava. Não parecia ter ficado louco de desejo. Ele fez cara de não entender o que a calcinha fazia ali nas mãos dele. “O que havia ficado entre as pernas dela?”, parecia perguntar internamente. “Que hora imprópria para ele ser lento”, ela pensou.


Ela teve que ser explícita: “é minha calcinha, meu bem”. Agora, sim, tudo encaminhado... Não... Ainda não e parece que não, nunca. Ele ficou visivelmente incomodado com aquela situação. Valentina ainda mais. Ele não havia ficado excitado e, pior, ainda estava bem chateado. Tão chateado que ela teve que dizer que tirou porque estava machucando. Pensou em fazer o mesmo caminho para o banheiro e procurar aquele homem que talvez tivesse visto a calcinha em sua mão.


Ficaram os dois desconcertados o resto da noite. Ele decepcionado por ter uma namorada despudorada. Ela decepcionada por não poder ser uma namorada despudorada. Voltaram para casa e depois ela lembrou que “não fizeram amor naquela noite. Nem sexo”. Não era novidade; Valentina voltou para casa, completamente seca... pelo gelo seco da boate. E determinada a encontrar outro namorado. Alguém que gostasse de renda nas mãos.

Tags
Nenhum tag.
bottom of page