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Pauline e o cara certinho de camisa de botão


Um cara lindo, mas certinho. “O que mais eu podia esperar de um cara que usava camisa de botão em todas as fotos no Tinder?”, pensou Pauline olhando para aquele homem de camisa azul de botão, sentado à mesa e falando há pelo menos 15 minutos sem que ela prestasse atenção.


Pauline curtiu o perfil de Pedro Henrique assim que leu a descrição. “À esquerda sempre, curando meu machismo e planejando a próxima viagem”. Não teve tempo de ver mais do que a primeira foto porque, assim que curtiu, apareceu a mensagem de que havia match. Depois, tentando descobrir um pouco mais sobre o carinha com quem começava a trocar mensagens, viu que camisa de botão era seu uniforme. Pedro Henrique forçosamente encaixava camisa de botão em todos os eventos de sua vida: no casamento da irmã, no trabalho como programador, no barzinho com os amigos, no almoço em família e... por fim e mais perturbador no jogo de seu time preferido. “Quem vai a um estádio com camisa de botão?”, foi a primeira pergunta de Pauline quando viu a foto.


Já era tarde. Mal ela terminou de ver as fotos, as mensagens começaram. Ela precisou viajar alguns dias a trabalho e a conversa se estendeu sem um encontro por mais tempo do que ela estava acostumada. Quase um mês depois do match, finalmente, conseguiram marcar.

Na mesa de bar, naquele primeiro encontro, Pauline pensou o quanto era engraçado o fato de que a descrição no perfil não combinava com as fotos. Mas, infelizmente, as fotos combinavam. E nada daquilo era coerente com o cara com quem tinha conversado no último mês. Mas o fato é que naquele momento ela só tinha isso: com aquele cara (lindo, é verdade, mas) certinho.


Isso ela só foi perceber no dia, porque antes Pauline estava perdida nos planos para aquela noite. Esperava que aquela saia soltinha ajudasse a contornar a bunda sem interferências e por isso tinha colocado uma calcinha fio dental. Ah, e passou os últimos dias acompanhando a meteorologia para saber se haveria vento. Rezou para haver aquela brisa leve que ameaça promover novas Marilyn Monroes de vestidos esvoaçantes.


Precisava também estar mais quente, para não precisar colocar nada por cima do decote. Aliás, este decote também foi programado e era novidade na vida de Pauline. Pauline não tinha peitos fartos. É verdade que já não mais se entristecia com isso como aconteceu na adolescência tempo em que brotaram peitos em todas as amigas menos nela. Não tinha mais estas tristezas, mas se frustrava todas as vezes que via um vestido mais decotado nas vitrines. Pensava que era melhor ter roupas mais fechadas para não dar destaque ao que não existia.


Naquela semana, porém, uma amiga tinha se desfeito de uma blusa que já não lhe agradava. “Toma, Pauline, vê ai se dá em você”. Pauline vestiu aquela peça coladinha em vermelho escarlate que nem mesmo provaria numa loja. Parece que um mundo novo se abriu quando ela, ao vestir a blusa, percebeu que não precisava se preocupar com saídas furtivas dos seios e que aquele decote em V profundo a deixava maravilhosa.


Tudo estava perfeito: vento suave provocando a calcinha por baixo da saia fugidia, friozinho que exigiu apenas um casaquinho leve e um decote empoderado. A única coisa que não combinava naquele cenário sexy que Pauline organizou com as deusas era Pedro Henrique. Um homem tão bonito, com ideias tão revolucionárias, comendo espetinho numa mesa de bar... com essa camisa de botão.


Para piorar tudo isso, nenhuma frase de duplo sentido, nenhum beijo (pseudo)roubado. Nem mesmo quando foi busca-la em casa... Pedro Henrique foi recebe-la na frente do prédio. Sorriu ao vê-la segurar a saia que o vento tentava levar (o plano estava funcionando como programado). Aproximou-se e a abraçou longamente como quem abraçava um amigo que há muito não via.


Pauline entrou meio desorientada pela ausência de um aperto na cintura, mas estava feliz por aquele não ser um carro automático. Assim, podia encostar a coxa na mão que ele usava para passar a marcha. Fez isso pelo menos umas três vezes antes de estacionarem o carro perto do bar e, em todas elas, fez cara de garota sapeca que faz coisa errada. Um ex namorado disse que isso o deixava louco. Ela passou a usar a seu favor, desde então.


Ao final da primeira hora, sentados no bar, só tinha havido chopes, espetinhos e conversa. Só conversa. Pauline tentou de tudo para dar sinais e tentar captar alguns também. Cruzou as penas várias vezes esbarrando nas pernas dele por baixo da mesa, se esforçava para tocar nos braços e mãos a cada fala, passava levemente a língua nos lábios quando tinha certeza de que ele estava olhando para ela. Chegou a ir ao banheiro mesmo sem vontade para ter uma desculpa para levantar porque ao retornar sentaria ao lado dele. Nenhuma diferença.


Depois das insinuadas por whatsapp, encontro de coxa e mão no carro e mudança de assento sem resultado, Pauline se convenceu de que a noite teria que terminar mais cedo. Repetia para si mesma que aquilo também era bom. Queria mais provocações, é verdade. Ainda mais depois de quase um mês fantasiando sobre ele antes de dormir... mas resolveu se contentar com o que se apresentava. Parou de devaneios e começou a prestar atenção na conversa.


Pedro Henrique era tímido e se esforçava para contar boas histórias. Aliás, tinha muitas, especialmente dos dois filhos, um de 2 e outro de 4 anos. Mesmo sem o flerte a que estava acostumada, Pauline percebeu que aquela noite estava divertida. Passaram ali tempo suficiente para os corpos saírem das poses incômodas dos primeiros encontros. Já se viam inclinados aos cotovelos na mesa enquanto ouviam a história do outro.


Saíram com o bar já fechando as portas. Pauline se divertiu prestando atenção a todas as histórias que Pedro Henrique continuou contando pelo estacionamento. Ela ria alto. Os dois só voltaram à tensão típica de primeiro encontro quando ele parou em frente do prédio dela. Ela ainda pensou em se despedir com um selinho, mas ele foi rápido. Assim que parou o carro, ele correu para abrir a porta dela. Pauline agradeceu, saiu do carro e sem sentir receptividade abriu o portão e entrou.


Virou o rosto apenas porque teve a impressão de que alguém a chamava. Pedro Henrique estava lá, acenando com uma mão e segurando o casaco de Pauline na outra. Ela sorriu com as reviravoltas dos planos das deusas. Voltou em passadas rápidas. Abriu o portão. Pedro Henrique mal terminou a frase: “você esqueceu seu casac...”. Sentiu um empurrão ao seu corpo contra o carro, seguido do beijo guardado de Pauline.


Sem pensar direito em toda aquela farsa que tentou construir para si mesma sobre a noite maravilhosa só com conversas, Pauline colocou a mão entre as pernas dele e sentiu que ele estava excitado com tudo aquilo. Vibrou por dentro. Antes que a timidez dele buscasse uma saída, ela abriu a porta traseira do carro, empurrou Pedro Henrique para dentro. No dia seguinte, ela pensou que talvez devesse ter confirmado se o carro tinha vidro fumê, mas a única preocupação era sentir aquele pau duro nas suas mãos.


Pedro Henrique recebeu o empurrão com resquício de uma passividade fingida. Assim que percebeu que o corpo de Pauline estava todo dentro do carro, ele a puxou pela cintura para cima de si. Agora, sim, Pauline estava tranquila. “Afinal, minha intuição não me abandonou. Ele só era contido pela timidez em público”.


Sentada de perna aberta sobre o colo dele, ela mexeu no ritmo da música que ainda tocava no som do carro. Os beijos eram demorados e molhados... como todo o resto. Pauline só parou de beijar quando decidiu conduzir as mãos dele até sua bunda. E a única coisa que combinava mais com mãos na bunda era seu peito na boca dele. Deixou ele fingir surpresa com a calcinha fio dental. Ela se surpreendeu mesmo quando não precisou mais dar comandos. Ele colocou as mãos por baixo da saia. Ele arqueou o corpo ainda mais. Com os dentes, ele puxou parte da blusa naquele decote e se alvoroçou no biquinho dos peitos dela.


Ela sentiu que estava completamente molhada. Tudo era excitante. Aquele controle forçado a noite inteira se acabando dentro do carro estacionado no meio da rua... Ele abriu a calça e afastou a cueca, enquanto ela desabotoava aquela camisa desestimulantes aos olhos. Encostou as mãos no peito dele. Teve vontade de arranhar, mas se conteve... era o primeiro encontro.


Pauline inclinou um pouco para tirar a camisinha da bolsa e viu que Pedro Henrique salivou a cada movimento dela sobre seu corpo. Ela usou as duas mãos em movimentos rápidos e apertos leves com os dedos para vestir a camisinha naquele pau duro. E montou nele novamente. Cavalgou alternando a velocidade. Só não gemeu alto porque lembrou que na madrugada qualquer barulho soa mais alto e não queria plateia. Ao menos não desta vez.


Ele deu uma palmada de leve em sua bunda. Ela não aguentou, puxou o ar e soltou um “aaaaaiiii” no ouvido dele e gozou. Ele não resistiu, puxou rapidamente o corpo dela para o banco. Pauline estava tão molhada que ele quase se perdeu no meio de suas pernas. Segurou o pau com a mão e enfiou naquela buceta molhada. Se não fosse a camisinha, ela teria empurrado ele para ver o final do gozo saindo, como gostava de fazer.


Ficaram ali os dois prostrados por mais alguns minutos. Perceberam que começava a amanhecer. Se arrumaram no espaço agora não tão grande do banco de trás do carro. Conversaram bobagens. Riam à toa. Ele abriu a porta e a ajudou a descer. Já mais ousado e íntimo, beijou suavemente seu pescoço. Voltou à boca e se dedicou a um último beijo molhado.


Pauline abriu o portão pela segunda vez nesta madrugada, agora já mais sorridente. O sono assumiu a cena como um nevoeiro. Ela achou por sorte a chave facilmente. Escovou os dentes e tomou um banho rápido quase conduzida por uma força maior. Como de costume, deu uma olhada rápida no celular antes de dormir. Dormiu com um sorriso maroto ao ler “Você é maravilhosa... e, para minha sorte, muito esquecida. Seu casaco continua comigo”.

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